quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

2009 sorrisos!

2009 sorrisos! É este o meu objectivo para 2009! 2009 sorrisos dos que me rodeiam, por mim provocados.

Talvez a paternidade nos mude. Talvez a responsabilidade sobre outro ser humano nos mostre a vida de uma outra forma. Talvez esse sorriso tão especial nos transforme em alguém melhor. Talvez...?

Talvez a UNICEF! Talvez a Ajuda de Berço! Quando existem organizações assim talvez se perceba que bem lá no fundo, e nos princípios, o Homem tem algo divino, algo fraterno, algo para verdadeiramente partilhar!

A todos os que durante todo este tempo me leram e acompanharam... Muito Obrigado por partilharem parte da vossa vida comigo! Muito Obrigado!

Possam em 2009 fazer alguém sorrir!

:)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Misión cumplida!

Misión cumplida!

O dia começara madrugador. Preparara-me para uma longa jornada. Actualizava pela primeira vez o unquitness. Era preciso registar e publicar o que até então tinha vivido. Viajava sozinho e condição própria desta acção a partilha das experiência esgota-se nas letras.

Apanho a guaguas para Garafía (Santo Domingo). A aldeia mais portuguesa desta La Palma tão encantada pela nossa presença em séculos idos. Pergunto como chegar ao Observatório Astrofísico do Roque de los muchachos. - Táxi! Em Santo Domingo! Sólo uno! Tienen que llamar! Não vai ser fácil. Com sorte não está ocupado e leva-me lá acima.

Roque de los muchachos - 2426 metros de altitude e 50 euros de viagem (ida e volta, claro está)! Segundo objectivo alcançado!

Apanho uma segunda guaguas. Desta vez sou mesmo o único passageiro. Incrível o preço que deve custar este transporte insular ao contribuinte espanhol. Enfim!!! Ainda bem que existe pois senão com 30 euros não viajava tanto.

O sol pôe-se por detrás do mar. Começa a escurecer. Começo a perder a vista dislumbrante que é a paisagem do Barlovento palmero. Bananeiras dão lugar a pinheiros. A laurissilva espreita envergonhada. - Que pasa?! pergunto preocupado ao motorista - No pasa nada! responde-me depois de dialogar com o condutor de uma 4x4 que descia a rua que subiamos. Dois caminhantes acenam desesperadamente na nossa direcção.

- Are you going to Santa Cruz? pergunto depois de sair da guaguas e reparar que o casal insiste em ficar lá dentro. - You may change bus here!

Um casal sueco que resolve passar uns dias a caminhar pela ilha e que desesperadamente nos acenaram porque sabiam que este era o último guaguas que passaria até ao nascer do sol, e que se o perdessem pernoitariam à chuva sem abrigo fácil. Sortudos!!! Partilho algumas viagens. Comento que visitara Göteborg alguns anos antes e que gostara da cidade e da sua gente. Ele, ornitólogo por paixão e profissão, partilha comigo o gosto pelas aves que remeto para esse grande passarinheiro que me iniciou nestas andanças avídeas.

Novo dia. Último dia. Circum-navego a ilha por sul. A parte que falta. Visito e fotografo o farol mais meridional da ilha entre a chuva e o vento desagradáveis. Regresso a casa para passar a última noite. Real - Zenit! Num bódegon e que se via bem a coisa. Só deu Raúl! Que tento! O povo em delírio! Muito bom! Concluo que o verdadeiro teste à compreensão da língua estrangeira é o relato da bola. Não apanhei uma única palavra do que aquele jornalista disse! Livra!

Regresso ao aeropuerto e passo pela seguridad. Piii! Piii! Piii! Esqueci-me do cinto outra vez! Conho!

Consulten nuestro menu?! Nem um daqueles snacks manhosos! Não acredito! Low cost dá nisto! Tivesses trazido as tostas que resolveste oferecer ao dono do apartamento. Burro!

Este animal ressona que dói!

É impossível perceber o que esta hospedeira está a dizer em inglês! Ladiesandgentlemennowwewillshowthetworeardoors... Daaaaaaaaaasseeee!!!!! Gravem um bife a falar e limitem-se a passar a k7!!!

Aterro em Lisboa com os três objectivos alcançados - voar livre, trepar ao roque dos muchachos e circum-navegar a ilhota - tudo com 300 euros (alojamento e alimentação incluídos).

De La Palma ficam as memórias e a vontade de regressar às Canárias, acompanhado presuposto e com uns contactos no bolso.

Fue!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

La primera etapa es completa!!!

La primera etapa es completa!!!

Depois de mais de uma hora de atraso na descolagem do aeroporto de Lisboa eis que finalmente começou o Desafio.

Primeira surpresa - palamenta de louça no serviço do desayuno (fim do jejúm ou pequeno almoço como lho chamamos nós portugueses). Muito bom o serviço de bordo da Iberia, sem reclamações.

Depois de cambiar muitas avionetas chego a La Palma, La Isla Bonita (até agora nao descobri se o nome se relaciona com a famosa música da Madonna que ouvi na minha infância). La Guaguas, ou autocarro para nós, leva-me, carregadíssimo, até Santa Cruz de La Palma e daí até Tazacorte, o meu campo base nos próximos seis dias.

O velho truque de seguir na corrente de gente aqui não resulta, a não ser que se queira acabar no meio da ilha acompanhado de quinhentos turistas de terceira idade alemães. Por isso, sigo caminhando sozinho e concentrado no meu único objectivo - voar em La Palma!

Depois de uma primeira noite maravilhosa num colchão que pela manhã me levou a decidir que dormiria as restantes noites no tapete de ioga, apanho a guaguas para Puerto Naos, onde decorre a competição de voo livre que motivou a minha vinda a esta ilha. Na paragem do autocarro troco algumas opiniões com um boliviano, de La Paz, que está na ilha para trabalhar na agricultura e que me confessa que o trabalho não abunda por estes lados. Afinal a crise é Mundial e nem as ilhas lhe escapam. Nem esta ilha coberta de plátano e idosos alemães!!!

Passo a manhã a ver descolagens e aterragens, umas mais acrobáticas outras mais desafiantes da dor do impacto no solo, mas todas acabam bem. - Mira! Mira! Grita Maria, uma chicharrera de gema. Toda a gente na aterragem olhou para cima para ver um piloto que acabara de descolar , não da melhor maneira, e que tropeçava pela falésia abaixo antevendo-se um desfecho tenebroso! A sorte pegou nele e abriu-lhe a asa! Saiu a voar sem problemas e todos respiramos de alívio! - Mira! Es Mário! Um dos elementos do grupo que me apadrinhara e com quem voei dois dias. Maria, Luis, Samuel (a família), Mário e Angel (os amigos), Manolo (o motorista e ancião), Alejandro e Rocio (o casal) e Simba, el perro de Maria!! Todos muito castiços e amáveis!

Não partiram para su casa en Tenerife sem me deixarem algum contacto. Surpresa das surpresas! Mary la portuguesa! Uma luso-descendente que vive agora em Tenerife e que acompanhada de Miri, passou os últimos dias a escalar e a voar por La Palma, e que agora se encontrava ali, perto de nós. Fico com elas que mais tarde me levam até Tazacorte. Valeu pela conversa e pelas informações preciosas que me deram sobre a ilha e sobre o arquipélago.

Perro salva perro!!! A notícia do dia na TVE! Numa auto-estrada chileña um cachorro é atropelado. Um outro cachorro, mais pequeno, vê o acidente e resolve salvar o amigo. Corre para o meio da estrada, e depois de verificar que podia passar, arrasta o corpo do seu moribundo amigo para a berma da estrada. En dos palabras! Im-presionante! Falta-nos por vezes esta amizade, o sacrifício próprio em prol do próximo desamparado.

(vou sair que o tempo está a acabar e tenho que correr a guaguas para circum-navegar a ilha! Fue! :)

domingo, 30 de novembro de 2008

zakat?

Na primeira vez que visitei a Índia aconselharam-me a não dar esmola nem sequer comida às crianças que se aproximassem numa atitude pedinte. Mas porquê? Se pedem porque precisam! Porque não lhes devo dar? Anos mais tarde, e depois de ter vivido a experiência da acção social num dos bairros de Lisboa menos afamados, interiormente julgava ter encontrado a resposta à minha antiga dúvida. "Quem dá o pão dá a educação!" Talvez seja ai que verdadeiramente reside a pobreza da nossa sociedade. Talvez...

http://religare.blogs.sapo.pt/42941.html - vale a pena ler!!!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Desafio III

06 a 13 de Dezembro de 2008

Eu lá estarei!!! Não para o 2º Desafio mas para o 3º!!! Por enquanto em lazer. Mais uma internacionalização das minhas asas.

Feeding the rat!!!

sábado, 22 de novembro de 2008

O Mundo é Tudo...


Porque talvez este seja um dos grandes locutores da alma. Para quem não conhece, vale a pena tentar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Gatwick 10 da manhã

Gatwick 10 da manhã. Central London? Platform 1 in 2 minutes or Platform 2 in 20 minutes! conseguimos se corrermos. Victoria Station! e agora?! Let the flow show you the way! nada melhor que perdermos-nos na multidão de uma capital europeia guiados apenas pela torrente de gente e pelo seu hipnótico murmúrio.

tenho a certeza que estamos perto? se bem me lembro o hotel fica por aqui! that way? no, that way! exactamente o oposto. o que é algo que sempre gostamos de ouvir quando andamos perdidos, cansados, sob chuva londrina faz mais de meia hora. voltar para trás na cidade onde apesar da chuva constante ninguém se lembrou de constuir prédios com varandas. livra!!!

the tube is simply amazing! e duvido que se encontre um local melhor para nos dissolvermos neste huge melting pot londrino. this is my space. don't touch me! don't touch me! máfia russa e ghetto africano. a coisa não vai acabar bem. devia ser rastafari. peace and love. keep smiling. está resolvido o subtil toque negro no forte joelho ariano. uff! estreito como o tube é estava a ver que ainda levavamos com os danos colaterais.

se a ASAE aqui viesse fechava esta m*#$!!! dos penaltis de tinto, às fatias de queijo de boca cheia passando pelo corte do pão com as mão limpas no avental, sem esquecer de apagar o giz do menu com o pano que limpa a bancada e o calor do fogo, vale tudo menos cobrar barato. se a ASAE aqui viesse fechava esta m*#$!!! meu querido empregado de mesa tuga. de bigode mas limpinho. valeu pelos autóctones que de ingleses aborígenas nada tinham para além do sotaque italiano num inglês quase perfeito.

os detalhes ficam para os netos...

valeu pelo tube, pelo Spitalfields Market, pelo Soho, pela Madame Tussauds, pelas milhas percorridas a pé entre Oxford Street e London Tower e claro... pela companhia, afinal as montras são melhores que mapas! ;)

nada melhor do que hoje estar aqui e amanhã em qualquer outra parte deste nosso pequeno mundo.

domingo, 26 de outubro de 2008

-Vinte mil libras que uma demora imprevista pode fazer perder.
-O imprevisto não existe.
-Mas, Mr. Fogg, este lapso de oitenta dias é calculado apenas com um mínimo de tempo!
-Um mínimo chega para tudo. Júlio Verne, le tour du monde em 80 jours

Um mínimo chega para tudo se previstos todos os imprevistos.

terça-feira, 14 de outubro de 2008




Dad's bags aren't gonna make it. Francis

Imperdível!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008



talvez porque na solitude choram olhos de amor...

Pedro Paixão servido com um bom tema de Rodrigo Leão.

primeiro vem o cheiro, depois os olhos desde sempre conhecidos, a seguir o abraço de mistura com palavras doces e amargas - almas irmãs zangadas? - e depois a despedida. Pedro Paixão

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

keep walking... keep smiling...

sábado, 4 de outubro de 2008

desculpe!? bom dia! o Sr. não pode aterrar aqui! peço-lhe imensa desculpa mas foi uma aterragem de emergência. fiquei sem combustível. ok. está tudo bem consigo? sim. obrigado! bom dia.

valeu pela foto aérea da foz do maior areal do "mundialito". ia valendo pela "trabalheira" para sair dos calabouços de uma dessas esquadras quaisquer.

lições aprendidas. próxima paragem. boa tarde! sou piloto de paramotor e queria pedir autorização para descolar daqui. oh pá! (diz o GNR) isso secalhar é melhor falar com eles! (pois com "eles"!) espere ai só um bocadinho! (diz o Securitas) (estou bem entregue estou. onde eu me vim meter! a clandestinidade por vezes compensa...) tou!? ribeiro!? ó ribeiro sabes o que é um paramotor? aquelas coisas assim com umas asas. (diga-lhe que é um paraquedas com uma ventoinha, amigo) tás a ver um paravento? então um paramotor é um paravento com um motor pendurado! (deliciosa a descrição da minha ultra-ligeira aeronave.) blá, blá, blá! então é melhor passar ai e falar pessoalmente né? okapa. entendido! (hilariante este Securitas!)

resultado. amigo passe lá por eles para falar com o chefe que isto agora com estas seguranças todas a coisa não tá fácil. muito obrigado pela colaboração. boa tarde!

Não foi fácil fazer as coisas de forma politicamente correcta. mas valeu pelo diálogo. perdeu-se em fotografia aérea, ganhou-se em relações humanas.

A vida é dura para quem é mole. Che Guevara

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

25 anos. tumor alojado no cérebro. cegueira. dormência do rosto. morfina. muita morfina. paliativo. preparar a viagem última da vida. 3 anos. é muito pequena. será que se lembrará de mim quando crescer?

"prima" estou certo que nunca lerás o que agora escrevo. estou certo também que te recordará. aqueles que te amam jamais te deixarão ir. nisso reside a imortalidade. na memória mantida. quando chegar o comboio parte descansada. parte com essa certeza. parte e não olhes para trás.

Com muito carinho...

A vida não podia ser melhor e mais injusta. Pedro Paixão

sexta-feira, 19 de setembro de 2008


Se acreditares consegues...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos. É em nós que as paisagens têm paisagem. Fernando Pessoa

Regresso a casa daqui a pouco. Mais uma viagem. Longa esta. Grande no tempo. Longa no espaço. Muitos viajantes. Muitas viagens. Demais paisagens. Muito foi visto. Tudo ficou por ver. Muito foi partilhado. Isto por partilhar ficou. Muito fomos. Assim ficou por sermos. Lá bem no fundo, mesmo no fundo bastou existir. Bastou a autenticidade de ser, de sentir e de sem medo viver o que a viagem nos deu. Regresso a casa daqui a pouco.

É até bem capaz de ter viajado com o corpo, ele que tão bem viajava com a alma. Fernando Pessoa

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"Tudo bem! A corda é grande e sempre são oito homens a segurar o animal! Épá mas o bicho pesa para ai uns quatrocentos quilos! É na boa!"

Pois parece calmo visto bem ao longe. Quando se sente o bafo quente nas orelhas é que a coisa muda de figura!

"Um homem é um homem e um rato é um rato. E eu prefiro fugir!" Engenharias ;)

"Cooooorre!!!! Mas porque carga de água é que me vim meter aqui?! Não podia esperar que metessem o animal no contentor?!"

O pânico transpirava-me! A corrida veloz na busca inglória de uma fuga em frente começava a cansar-me as pernas! Perdidos na decisão os que pela frente encontrava também não ajudavam muito. Eis que avisto uma varanda suficientemente alta para obter os mínimos olímpicos no salto em altura e... Zás!!! Já está!!! Londres 2012 here I go!!!

Para os que insistem em ler-me nestas palavras deixo-vos a questão... O que leva o ser humano a testar constantemente os seus limites? Será a procura incessante da perfeição ou apenas o vício atroz de enfrentar a morte para que assim se sinta intensamente na vida?

Não sei...

Deus é bom mas o diabo também não é mau. Fernando Pessoa

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

It doesn´t matter about the conditions, the secret is simply to leave; to get the adventure under way. Philippe Nodet a Luc Armant

Provavelmente haverá na História estórias tão dislumbrantes quanto esta contudo toca-me esta em especial por tratar da liberdade sentida no nomadismo aéreo vivido apenas no solo vol bivouac.

Believe it or not Luc Armant percorreu mil quilómetros na cordilheira dos Himalaias recorrendo apenas ao que Deus Nosso Senhor lhe deu, pernas para andar e asa para voar.

Possa eu um dia sentir o sopro da montanha mais nobre do Mundo e nele libertar-me na viagem.

A vida é uma viagem experimental, feita involuntariamente. É uma viagem do espírito através da matéria... Fernando Pessoa

segunda-feira, 11 de agosto de 2008


Nem o risco de morte por electrocução os parou!!!!!! F*#! Brutalzzzzz!!!!!!!!!

quarta-feira, 30 de julho de 2008



A inevitabilidade da viagem... a leveza do nomadismo... a nostalgia do vagueio....

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar. Fernando Pessoa

Amar é pensar, pensar sem sentir, distraidamente sem procurar encontrar, sonhar sem dormir...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Do meu quarto andar sobre o infinito, no plausível íntimo da tarde que acontece, à janela para o começo das estrelas, meus sonhos vão por acordo de ritmo com a distância exposta para as viagens aos países incógnitos, ou supostos, ou somente impossíveis. Fernando Pessoa

Nessa noite viajei para longe, nessa noite estive tão perto, nessa noite as palavras mostraram que são mais do que simples representação do que sentimos, que são na verdade magia que os nossos sonhos torna reais.

Uma noite que nunca acabou... Refreshing indulgent!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

As figuras imaginárias têm mais relevo e verdade que as reais. Fernando Pessoa

Não sei se por estar tão realmente distante ou se por estar tão imaginariamente perto sinto verdadeiramente real o que no meu imaginário me acompanha. É neste sedentarismo nómada que regularmente me encontro e onde desvendo os meus mais sinceros sonhos... Liberto-me na prisão do tempo... Prendo-me na liberdade do espaço.

Sempre contigo... Sempre com ele... Sempre connosco.

(escrito no mar, na madrugada de 17 de Junho de 2008 e publicado na Ilha das Flores)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Quando se está muito aflito acredita-se em mais coisas. Pedro Paixão

Talvez nunca tivesse pensado nisso mas é uma realidade provável, um bicicleta rebocada por outra bicicleta!

Pois é! Depois de me deixar convencer pela amizade e me sujeitar à aventura de pedalar numa máquina desconhecida por caminhos estranhos eis que a probabilidade se torna realidade.

"F#*!$-se! Partiu! E agora?!?!?"

Não fosse o velho fiel aficionado do rally (que por obra do Senhor estava a decorrer nas bandas onde resolvemos deambular) ainda agora estaria perdido nos meandros daquela imensa flora. "Amigos corda não tenho mas tenho cordão! Opá! Isso também serve! Venha de lá esse cordão! Agora pedala!"

Doze quilómetros depois, muito riso e estranheza de quem connosco se cruzava na via pública eis-nos de regresso ao conforto do lar. Ou mais ou menos porque a àgua do banho quente não estava nos planos! Hilariante!!!! :)

Mas porque inspiração divina é que resolvi ceder à pressão da amizade?!

Talvez porque é a amizade que nos leva a caminhar nesta longa estrada que solitariamente muito nos custaria percorrer.

(Com muita amizade para o meu Grande Amigo e Mestre! Estás aqui!) :)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

E se procurarmos encontrar o que quer que seja, saímos de nós e, descentrados, logo nos desequilibramos. O impulso que nos serve para ganhar balanço é o mesmo que nos faz cair quando queremos estacar. O entusiasmo, aliás, não é mais do que uma breve suspensão no movimento da queda. Por demais estranhos somos nós. Como tudo o que ousou levantar-se. Por demais iguais, aguardando, por mais que nos enganemos, a vida noutra vida que não esta.
Não sabemos como procurar, nem onde encontrar, nem, afinal, sabemos o que procurar. Somos assim, tão perdidos que nos agarramos sem sequer podermos tocar. Pedro Paixão

Basta talvez procurar sem pretender agarrar...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Somos madeira que apanhou chuva. Agora não acendemos nem damos sombra. Temos que secar à luz de um sol que ainda há. E esse sol só pode nascer dentro de nós. Mia Couto

Ouvi um dia que este Senhor nasceu num berço de palavras! Digo hoje, que as palavras nasceram com ele.

sábado, 26 de abril de 2008

A água quente cai com o mesmo barulho que a água fria. A sombra das coisas de qualquer cor é de uma só cor. O mundo é só um mundo entre muitos outros e podia ser muito diferente do que é. Pedro Paixão

Porque insistimos em ser tão diferentes quando o nosso destino é o mesmo e a nossa essência única?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Porque entre o nosso tempo e o tempo dos que nos rodeiam nem sempre existe aquela disponibilidade emocional para manter intacta a tolerante amizade paciente.

Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez depressa, e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do decorrer cuja natureza ignoro.
Julgo, às vezes, que tudo é falso, e que o tempo não é mais do que uma moldura para enquadrar o que lhe é estranho. Fernando Pessoa

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Numa dessas visitas protocolares de boas vindas ao novo sangue da família recebemos uma das prendas mais simbólicas... Um livro. Mas não um livro qualquer. Um livro muito especial. Especial essencialmente para quem o ofereceu. Um livro que há mais de dez anos tem preenchido e enriquecido o nosso rei mago.
Especial para nós porque sentimos que nos foi ofertado algo de muito pessoal, algo muito sincero, muito sentido.
Muito obrigado a todos por receberem tão bem o nosso arcanjo.
Queixava-se um discípulo ao seu Mestre:
"Que belas estórias o senhor nos conta; mas nunca nos revela o seu sentido."
E respondeu o Mestre:
"Se alguém te desse um fruto,
já meio comido e mal saboroso,
tu gostavas?"
O sentido das coisas é um bem que ninguém dá;
É uma descoberta pessoal! Anthony de Mello in O canto do pássaro

quinta-feira, 27 de março de 2008


O corpo é a sombra das vestes que cobrem teu ser profundo. Fernando Pessoa

Pudessemos nós privarmo-nos das efémeras vestes que subtilmente cobrem o nosso corpo para que profundamente se desvendasse o nosso essencial ser.
Privar?!... verbo difícil de ser, quando no príncipio tudo era o verbo.

terça-feira, 18 de março de 2008

Quando nos deixou, três dias depois, não sentimos que tivesse partido um hóspede, mas que um de nós continuava no jardim sem ter entrado. Khalil Gibran
"Só têm mais que eu... dinheiro! Valores?! Só dinheiro!"
Repetia incansavelmente um ébrio utente do comboio descendente nesta noite fria em que o céu chorava lágrimas.
Por vezes pouco mais temos que dinheiro por maior quando comparados com aqueles que preconceituamos ter muito menos do que nós.
É por isto que é tão enriquecedor utilizar os transportes públicos. Os olhos da nossa sociedade.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Aqui será a areia fina...a falésia...onde, entre voos, poisarei para descansar e meditar, depois voltar a voar entre o azul do mar e o azul do céu. Richard Bach

Porque hoje partilhei o céu e o mar com mais de duas dezenas de homens alados.

Porque na persistência da memória reside a essência da vida.

segunda-feira, 10 de março de 2008

"O maior erro é um erro antigo: a perseguição da beleza. É surpreendente a dificuldade em compreender que a beleza não pode ser tomada como um objectivo, que ela é sempre o produto secundário de outras, muitas vezes reles actividades." Joseph Brodsky

Gymnopedie no. 1 - Erik Satie

domingo, 2 de março de 2008

Há quem acredite em milagres...

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Deixar de lado o intelecto orgulho e a ilusória sensação da supremacia do conhecimento e permitir que o amor de quem nos estima nos alimente a alma.

Sentir que o que nos dizem e fazem aqueles que verdadeiramente nos aceitam nos acalenta o ser e nos dá à vida razão.

Saber que só vivendo na eterna paixão sincera nos garante a perene liberdade da alma.

Saber que esse interlúdio translúcido que é a vida existe para que na aceitação do outro se revele o sincero amor.

Ouve o conselho de quem muito sabe; sobretudo, porém, ouve o conselho de quem muito te estima. A. Graf

domingo, 24 de fevereiro de 2008

-Sente os dedos da Sra. Enfermeira?
-Sim!
-É precisamente ai que tem que fazer força!!! Vamos!!! FORÇA!!!

Três da madrugada do dia 24 de Fevereiro de 2008.

-Vamos lá então ver quem ganhou a aposta! É o GABRIEL!!!

Alívio e dor. Cansaço e muito amor. O nosso primogénito respira pela primeira vez o mesmo ar que nós.

-Benvindo Gabriel! (exclama a enfermeira momentos antes de aspirar e limpar o nosso bebé)

Depois deste dia a nossa vida jamais voltará a ser a mesma.

Costumo utilizar palavras muito simples, esta notícia não é para adornar. René Frydman

O arcanjo da minha vida chegou...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Ao pé da minha dor todas as outras dores me parecem falsas ou mínimas. Mas tudo afinal entra em casa pela janela da observação e pela porta do pensamento. Fernando Pessoa


Três da madrugada, período de sono REM, relaxamento máximo do corpo e alma, quando subitamente toca a campainha e se ouvem os primeiros bateres violentos na madeira da porta da rua. Para além destes sons apenas se escuta o cair da chuva lá fora e o vaguear do vento por entre as árvores do jardim das traseiras.

"Menina, está a entrar água cá dentro! As caves estão a inundar!" O pânico no olhar era mais que contagiante, a minha vizinha estava à beira de um ataque de nervos!

Impremeável verde lagartixa, "croques" verde alface (que por sinal foram comprados para esta ocasião) e balde azul garrido na mão, escada abaixo e voilá! Água pelo joelho e quatro "jovens" atarefados entre baldes na faina incessante para combater a entrada de água "a bordo"!

"A MINHA AAAAAAAAAAASA!!!!" O pânico instalou-se em mim! A minha asa estava suavemente repousada no chão da nossa cave, a secar depois de um bom período de groundhandling tão essencial para a perícia de um piloto de voo livre. Resta-me rezar para que não tenha sido tocada por esta água suja que insiste em jorrar da fossa do nosso prédio.

Esgoto completo! Nível de água inferior a 3mm! Chegou a hora de confirmar se tinha sido ou não bafejado pela sorte. Seca e intacta [a minha asa]! Deus existe e é piloto de parapente!

Sete e dez da manhã, a luz do dia já nos iluminava o rosto cansado de uma noite desperta e muito, muito molhada, "Está na hora de ir trabalhar. Agora que tudo está mais calmo e seco vou preparar-me para trabalhar. Já por aqui passo. Até já!"

Várias familias desalojadas, várias pessoas desaparecidas, grandes danos materiais. "A MINHA AAAAAASA!!!"... intacta!

Ao pé da dor dos outros todas as minhas dores me parecem mínimas. Haverá sempre alguém melhor, haverá sempre alguém pior! Cabe-me melhorar o que de pior há em mim, melhorando o Mundo dos que me rodeiam!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Mas cada volta tua há-de pagar
O que esta tua ausência me causou...
Tom Jobim

O regresso a casa tem esta magia. Esta magia de reviver os amigos que ficaram, de reviver os espaços que não mudaram. Esses espaços que tanto nos dizem e que serão sempre nossos. Nossos verdadeiramente porque verdadeiramente os sentimos.

Afinal o encanto da vida depende unicamente das boas amizades que cultivamos, e nessas cada volta nossa há-de apagar o que essa nossa ausência lhes causou.

O nosso encanto jamais se quebrará...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O isolamento talhou-me à sua imagem e semelhança. Fernando Pessoa

E se o nosso telefone móvel resolve ser submarino?! E num devaneio se atira ao mar sem pensar nas consequências que isso possa ter na nossa vida?!

Pois é! o meu resolveu fazer isso! Conclusão... Anos de emoções e sentimentos perdidos!

Este pequeno objecto é provavelmente o nosso pertence mais presente. Aquele que nos acompanha para todo o lado. Cúmplice e confidente! Amigo fiel! Que só nos abandona quando assim o desejamos.

Talvez seja por isso que custa tanto perdê-lo! Não pelo objecto em si, mas pelas recordações que nos traz. Pelo prazer de nos ligar ao nossos queridos.

Existe para nos fazer felizes. Afinal não é isso que todos buscamos?!

Em jeito de oração... Livrai-me Senhor de todo o isolamento e não deixeis que o meu telemóvel vire submarino!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008


Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir. Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O que leva duas mil pessoas a trajarem a rigor e a reunirem-se num Coliseu com um único objectivo, comemorar, ao jeito de baile de gala, o levar da carne até aos primeiros alvores?

Uma das mais dislumbrantes imagens da capacidade social do Homem, da sua harmoniosa beleza interpessoal.

O disfarce irreal da consciência serve somente para me destacar aquela inconsciência que não disfarça. Fernando Pessoa

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os logares e as posições das palavras. Segundo o lado d'onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol.
Cada palavra é um pedaço de universo. Um pedaço que faz falta ao universo. Todas as palavras juntas formam o Universo.

As palavras querem estar nos seus logares! Almada Negreiros

O lado do Sol, onde verdadeiramente reside a causa de toda a vida. O Sol que rege os nossos dias e nas noites ilumina a lua, que nos mostra a nossa sombra e que incessantemente renasce para que nos nossos olhos brilhe a sua Luz. Luz que nos faz bater... mais depressa o coração.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

MONGÓLIA
Ulan Bator
Será o nomadismo a forma mais perfeita de felicidade, o ADN do homem realizado? Tiago Salazar


Se a dor é o fundamento primordial da infelicidade. Se o apego é a génese de toda a dor. Poderá então ser o desapego a forma perfeita de felicidade? Poderá então a não criação de raízes locais conduzir o homem no caminho longo da sua realização? Serão só as raízes locais que verdadeiramente nos prendem à terra, ao local por onde passámos, onde vivemos? Conseguimos viajar para longe no pensamento, deambular nos sentidos, iluminados por sons, em viagens deveras distantes?

Ou será simples e puramente que no apego a estas sensações pioneiras reside a verdadeira felicidade... A sentida realização... A imaculada vivência dos nossos sonhos?...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Maybe surrounded by
A million people I
Still feel all alone
I just wanna go home
Oh, I miss you, you know

Let me go home
I’m just too far from where you are
I wanna come home
Michael Buble

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Todos nós temos um ponto fraco. Soraia Chaves in Call Girl

Esse ponto fraco que nos faz vergar perante a sua presença, perante o confronto da realidade do nosso preço e da nossa fraqueza.

Fraqueza que por vezes nos protege e outras nos torna mais vulneráveis... Resistentes aos impulsos da vida ou frágeis quando olhos nos olhos nos vemos com o que nos faz tremer.

Resta-nos aguardar que o equilíbrio se centre novamente e que a tentação se afaste de nós.

Pai, afasta de mim este cálice...

domingo, 27 de janeiro de 2008

O momento mais belo de uma viagem é a recordação. Laurence Sterne

Essa recordação dos idílicos momentos que visitamos envolvidos na perene beleza dos locais que vivemos.

Essa recordação das palavras que trocamos entre culturas por vezes tão antípodas que se tocam na subtileza dos olhares.

Essa recordação que nos lembra que o Mundo é tão Grande e que a vida inteira não se vive mais do que para caminhando fazer o caminho. Caminho que fragilmente nos mostra esses sentidos momentos, nesses vividos locais, na companhia efémera dessas estranhas pessoas.

Seja a recordação o momento mais belo da vida.

Seja a vida o momento mais belo da recordação.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte,
abri o vosso coração até ao corpo da vida.
Pois vida e morte são uma só,
tal como o são o rio e o mar.Kahlil Gibran

A morte não é mais que um sono, sonhado no interlúdio da vida.

Saberás sempre o quanto te sinto a falta e o quanto me orgulho de ser teu filho.

Belos os tempos que eu vivi...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Pois na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria. Kahlil Gibran

Acabo de chegar de um jantar de amigos, de um convívio entre pessoas estranhas que partilham mutuamente estórias e pontos de vista, quais segredos velados desvendados no calor da amizade.

São estas as memórias que nos fazem brilhar os olhos quando anos depois as revivemos e noutros jantares como este as contamos, fazendo então este parte daqueles como outros parte deste fizeram.

Aos nossos anfitriões muito obrigado. Muito obrigado por assim nos receberem e por nos mostrarem que a vida vale a pena se for vivida ilumidada pela amizade.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto dos gatos, que buscam o sol quando há sol, e quando não há sol o calor, onde quer que esteja. Fernando Pessoa

Não fosse o apego a razão de todo o sofrimento humano, a sensação de perda e desilusão, daquilo que desejamos e que nos ilude a sua posse.

Não fosse amar mais do que verdadeiramente aceitar. Aceitar espontaneamente o que a vida nos dá quando a nós nos damos oportunidade para receber.

Aceitar e não conformar. Buscar o aceite e procurar a vida. Viver genuinamente cada instante qual dádiva espontânea do sol, onde quer que esteja, onde quer que se esteja, o calor de nós mesmos.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

L'essentiel est invisible pour les yeux.
Mais les yeux sont aveugles. Il faut chercher avec le coeur.
Antoine de Saint-Exupéry

sábado, 19 de janeiro de 2008

A sublimação pode ser usada para purificar sólidos. O sólido é aquecido até que sua pressão de vapor se torna grande o suficiente para ele vaporizar e condensar como sólido numa superfície fria colocada logo acima. O sólido é então contido na superfície fria enquanto as impurezas permanecem no recipiente original. in WIKIPÉDIA

Uma questão que há muito se me subsiste é precisamente a sublimação dos sentimentos humanos. Não das emoções mas de algo mais sólido e real. Os sentimentos que sentimos fruto dos laços que ao longo da vida vamos dando com aqueles que nos rodeiam.

Afinal o ser humano sempre é um animal social, que apenas e só em comunidade consegue viver e sobreviver (ermitas à parte, não fossem esses, por sinal, até pelos mortais e vulgares pares considerados sobre-humanos, acima dos humanos).

Se sublimarmos os nossos impuros sentimentos purificamos o nosso ser? Ascendemos a um nível superior de pureza por sublimação das impurezas? Será? O que será então o recipiente original onde ficam depositadas as substâncias menos puras que se desagregam do ser iluminado pela sublimação?

A sublimação como purificação. A purificação como veículo para a perfeição. A perfeição da pedra que somos e que talhada se pretende. A perfeição que tanto buscamos e que ansiosamente desejamos.

Ou será apenas a aproximação da perfeição que verdadeiramente procuramos? A aproximação do perfeito que amamos?...

Amamos a sua aproximação do perfeito, porém a amamos porque é só aproximação. Fernando Pessoa

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A maioria da gente é outra gente. Oscar Wilde

Somos o que em nós vemos, o que os outros em nós vêm e aquilo que realmente somos. Somos assim tanta coisa ou simplesmente coisa nenhuma?

É realmente assim tão complexo apenas ser-se?

Existe genuidade no nosso ser ou somos sempre cobertos pelo véu da hipocrisia? Pelo névoa do que queremos parecer e do que na realidade somos. Pela neblina do que defendemos e que constante e paradoxalmente exprimimos.

Não é mais a máscara da personalidade que o espelho do mundo que criamos e que queremos que nos envolva.

Só a ideia atinge, sem se estragar, o conhecimento da realidade. Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Tudo é encontrar alguma coisa. Mesmo perder é achar o estado de ter essa coisa perdida. Nada se perde; só se encontra qualquer coisa. Há no fundo deste poço, como na fábula, a Verdade. Sentir é buscar. Fernando Pessoa

É neste estado permanente de coisa perdida que a alma se encontra no seu errante devaneio. Neste desiquilíbrio constante que nos impele a leal acção na busca do sentir, na busca de encontrar sempre alguma coisa, essa coisa que perdida se julgava e que no fundo do poço esperava, ansiosa por ser vista, ansiosa por ser contada, ansiosa por ser verdade.

Lendariamente foi no cerne do Homem que se escondeu o seu maior tesouro, bem no cerne, onde é sempre mais difícil de chegar, mais difícil de alcançar, mais difícil de sentir.

Que esta busca sentida nunca cesse na certeza de que nada se perde...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Dói! Dói demais sentir que pudemos perder o que amamos!

Sentir que para sempre estaremos ausentes... longe de tudo e de todos! De tudo o que construímos... de tudo o que vivemos... de tudo o que sonhamos!

Será esta a sensação no limiar da morte? Será este o sentimento ausente quando presentes estamos do fim?

A vossa dor é o quebrar da concha que envolve a vossa compreensão. Kahlil Gibran

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Faça o que quiser
Viva o que vier
Seja onde estiver
Faça o que puder
Viva como der
Sinta o que vier
Seja o que quiser
Faça o que fizer
Pegue o que puder
Viva onde estiver
Seja como for, Amor
Arnaldo Antunes

Dou comigo a pensar onde reside afinal a vontade... no coração ou na razão?
Agir corajosamente na paixão ou passionalmente na razão?

Importa verdadeiramente o que me incomoda ou incomoda-me verdadeiramente o que me importa?

Não basta apenas assim viver onde estiver, o que vier, como der? Ser o que quiser, o que puder, como for? Sentir somente e somente apenas assim o viver? Embriagado no interlúdio do amor na esperança de que a vida se perca na expressão apaixonada da alma?

Não basta isto... Ser como for?

Adormeço na dúvida se um dia serei teu ou se sempre teu fui. Que a vida seja como for e que ser seja a vida... Enquanto durar... enquanto dura!

A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final. Fernando Pessoa

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Dormir, ser longínquo sem o saber, estar distante, esquecer com o próprio corpo; ter a liberdade de ser inconsciente, um refúgio de lago esquecido, estagnado entre frondes árvores, nos vastos afastamentos das florestas.

Um nada com respiração por fora, uma morte leve de que se desperta a saudade e frescura, um ceder dos tecidos da alma à massagem do esquecimento. Fernando Pessoa

É no sonho que te vejo, é no sonho que te sinto, é no sonho que contigo caminho, sem mareo, sem a dor de te ter tão distante, tão longe, tão livre.

Vejo-te não com os olhos mas com a alma azulada de madrepérola fria. Fria de desejo ardente consumidor do teu presente.

Chora-me na alma este desejo. Fernando Pessoa

Brilham-me os olhos quando te vejo...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Amo-a como ao poente ou ao luar, com o desejo de que o momento fique, mas sem que seja meu nele mais que a sensação de tê-lo. Fernando Pessoa

Se quanto mais se possui, mais se é possuido, então assim me quero. Possuido por esse amor que coroando-me me sacrifica, que me sangra com vontade e alegramente.

Esse amor que se basta em si mesmo e me torna um fragmento inegável do coração na vida.

E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá o seu curso. Kahlil Gibran

Tenha eu a força de estoicamente vencer a ausência que apenas no amor encontra o seu escudo.

Possa eu regressar a casa desperto para depois adormecer, assim, no interlúdio mimado do amor.

Mais do que para ti... em ti...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Pois é nas pequenas coisas que o coração encontra a frescura da sua manhã. Kahlil Gibran

Pequenas coisas sinceramente sentidas, na cumplicidade do olhar, na simplicidade do toque, na subtileza do sabor.
Frescas manhãs verdadeiramente sentidas na insaciável entrega dos sentidos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Temos o que abdicamos, porque o conservamos sonhado, intacto, eternamente à luz do sol que não há, ou da lua que não pode haver. Fernando Pessoa

Depois do sol, durante a lua, no perfume do chá e no uníssono canto do ser, tudo abdicamos, porque assim o queremos sonhado, eternamente...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Não o amor, mas os arredores é que vale a pena... Fernando Pessoa

Por mais improvável que possa parecer, sempre que aleatoriamente abro o Livro do Desassossego, o que leio revela-se de uma grandeza notável, de uma quase trivial identificação pessoal que apenas na reflexão instintiva encontra refúgio.

Pessoa não existiu... Não pode ter existido!

Autobiografia sem factos

Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.

- Trecho 12

Fernando Pessoa