sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Deixar de lado o intelecto orgulho e a ilusória sensação da supremacia do conhecimento e permitir que o amor de quem nos estima nos alimente a alma.

Sentir que o que nos dizem e fazem aqueles que verdadeiramente nos aceitam nos acalenta o ser e nos dá à vida razão.

Saber que só vivendo na eterna paixão sincera nos garante a perene liberdade da alma.

Saber que esse interlúdio translúcido que é a vida existe para que na aceitação do outro se revele o sincero amor.

Ouve o conselho de quem muito sabe; sobretudo, porém, ouve o conselho de quem muito te estima. A. Graf

domingo, 24 de fevereiro de 2008

-Sente os dedos da Sra. Enfermeira?
-Sim!
-É precisamente ai que tem que fazer força!!! Vamos!!! FORÇA!!!

Três da madrugada do dia 24 de Fevereiro de 2008.

-Vamos lá então ver quem ganhou a aposta! É o GABRIEL!!!

Alívio e dor. Cansaço e muito amor. O nosso primogénito respira pela primeira vez o mesmo ar que nós.

-Benvindo Gabriel! (exclama a enfermeira momentos antes de aspirar e limpar o nosso bebé)

Depois deste dia a nossa vida jamais voltará a ser a mesma.

Costumo utilizar palavras muito simples, esta notícia não é para adornar. René Frydman

O arcanjo da minha vida chegou...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Ao pé da minha dor todas as outras dores me parecem falsas ou mínimas. Mas tudo afinal entra em casa pela janela da observação e pela porta do pensamento. Fernando Pessoa


Três da madrugada, período de sono REM, relaxamento máximo do corpo e alma, quando subitamente toca a campainha e se ouvem os primeiros bateres violentos na madeira da porta da rua. Para além destes sons apenas se escuta o cair da chuva lá fora e o vaguear do vento por entre as árvores do jardim das traseiras.

"Menina, está a entrar água cá dentro! As caves estão a inundar!" O pânico no olhar era mais que contagiante, a minha vizinha estava à beira de um ataque de nervos!

Impremeável verde lagartixa, "croques" verde alface (que por sinal foram comprados para esta ocasião) e balde azul garrido na mão, escada abaixo e voilá! Água pelo joelho e quatro "jovens" atarefados entre baldes na faina incessante para combater a entrada de água "a bordo"!

"A MINHA AAAAAAAAAAASA!!!!" O pânico instalou-se em mim! A minha asa estava suavemente repousada no chão da nossa cave, a secar depois de um bom período de groundhandling tão essencial para a perícia de um piloto de voo livre. Resta-me rezar para que não tenha sido tocada por esta água suja que insiste em jorrar da fossa do nosso prédio.

Esgoto completo! Nível de água inferior a 3mm! Chegou a hora de confirmar se tinha sido ou não bafejado pela sorte. Seca e intacta [a minha asa]! Deus existe e é piloto de parapente!

Sete e dez da manhã, a luz do dia já nos iluminava o rosto cansado de uma noite desperta e muito, muito molhada, "Está na hora de ir trabalhar. Agora que tudo está mais calmo e seco vou preparar-me para trabalhar. Já por aqui passo. Até já!"

Várias familias desalojadas, várias pessoas desaparecidas, grandes danos materiais. "A MINHA AAAAAASA!!!"... intacta!

Ao pé da dor dos outros todas as minhas dores me parecem mínimas. Haverá sempre alguém melhor, haverá sempre alguém pior! Cabe-me melhorar o que de pior há em mim, melhorando o Mundo dos que me rodeiam!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Mas cada volta tua há-de pagar
O que esta tua ausência me causou...
Tom Jobim

O regresso a casa tem esta magia. Esta magia de reviver os amigos que ficaram, de reviver os espaços que não mudaram. Esses espaços que tanto nos dizem e que serão sempre nossos. Nossos verdadeiramente porque verdadeiramente os sentimos.

Afinal o encanto da vida depende unicamente das boas amizades que cultivamos, e nessas cada volta nossa há-de apagar o que essa nossa ausência lhes causou.

O nosso encanto jamais se quebrará...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O isolamento talhou-me à sua imagem e semelhança. Fernando Pessoa

E se o nosso telefone móvel resolve ser submarino?! E num devaneio se atira ao mar sem pensar nas consequências que isso possa ter na nossa vida?!

Pois é! o meu resolveu fazer isso! Conclusão... Anos de emoções e sentimentos perdidos!

Este pequeno objecto é provavelmente o nosso pertence mais presente. Aquele que nos acompanha para todo o lado. Cúmplice e confidente! Amigo fiel! Que só nos abandona quando assim o desejamos.

Talvez seja por isso que custa tanto perdê-lo! Não pelo objecto em si, mas pelas recordações que nos traz. Pelo prazer de nos ligar ao nossos queridos.

Existe para nos fazer felizes. Afinal não é isso que todos buscamos?!

Em jeito de oração... Livrai-me Senhor de todo o isolamento e não deixeis que o meu telemóvel vire submarino!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008


Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir. Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O que leva duas mil pessoas a trajarem a rigor e a reunirem-se num Coliseu com um único objectivo, comemorar, ao jeito de baile de gala, o levar da carne até aos primeiros alvores?

Uma das mais dislumbrantes imagens da capacidade social do Homem, da sua harmoniosa beleza interpessoal.

O disfarce irreal da consciência serve somente para me destacar aquela inconsciência que não disfarça. Fernando Pessoa

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os logares e as posições das palavras. Segundo o lado d'onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol.
Cada palavra é um pedaço de universo. Um pedaço que faz falta ao universo. Todas as palavras juntas formam o Universo.

As palavras querem estar nos seus logares! Almada Negreiros

O lado do Sol, onde verdadeiramente reside a causa de toda a vida. O Sol que rege os nossos dias e nas noites ilumina a lua, que nos mostra a nossa sombra e que incessantemente renasce para que nos nossos olhos brilhe a sua Luz. Luz que nos faz bater... mais depressa o coração.