quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

MONGÓLIA
Ulan Bator
Será o nomadismo a forma mais perfeita de felicidade, o ADN do homem realizado? Tiago Salazar


Se a dor é o fundamento primordial da infelicidade. Se o apego é a génese de toda a dor. Poderá então ser o desapego a forma perfeita de felicidade? Poderá então a não criação de raízes locais conduzir o homem no caminho longo da sua realização? Serão só as raízes locais que verdadeiramente nos prendem à terra, ao local por onde passámos, onde vivemos? Conseguimos viajar para longe no pensamento, deambular nos sentidos, iluminados por sons, em viagens deveras distantes?

Ou será simples e puramente que no apego a estas sensações pioneiras reside a verdadeira felicidade... A sentida realização... A imaculada vivência dos nossos sonhos?...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Maybe surrounded by
A million people I
Still feel all alone
I just wanna go home
Oh, I miss you, you know

Let me go home
I’m just too far from where you are
I wanna come home
Michael Buble

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Todos nós temos um ponto fraco. Soraia Chaves in Call Girl

Esse ponto fraco que nos faz vergar perante a sua presença, perante o confronto da realidade do nosso preço e da nossa fraqueza.

Fraqueza que por vezes nos protege e outras nos torna mais vulneráveis... Resistentes aos impulsos da vida ou frágeis quando olhos nos olhos nos vemos com o que nos faz tremer.

Resta-nos aguardar que o equilíbrio se centre novamente e que a tentação se afaste de nós.

Pai, afasta de mim este cálice...

domingo, 27 de janeiro de 2008

O momento mais belo de uma viagem é a recordação. Laurence Sterne

Essa recordação dos idílicos momentos que visitamos envolvidos na perene beleza dos locais que vivemos.

Essa recordação das palavras que trocamos entre culturas por vezes tão antípodas que se tocam na subtileza dos olhares.

Essa recordação que nos lembra que o Mundo é tão Grande e que a vida inteira não se vive mais do que para caminhando fazer o caminho. Caminho que fragilmente nos mostra esses sentidos momentos, nesses vividos locais, na companhia efémera dessas estranhas pessoas.

Seja a recordação o momento mais belo da vida.

Seja a vida o momento mais belo da recordação.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte,
abri o vosso coração até ao corpo da vida.
Pois vida e morte são uma só,
tal como o são o rio e o mar.Kahlil Gibran

A morte não é mais que um sono, sonhado no interlúdio da vida.

Saberás sempre o quanto te sinto a falta e o quanto me orgulho de ser teu filho.

Belos os tempos que eu vivi...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Pois na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria. Kahlil Gibran

Acabo de chegar de um jantar de amigos, de um convívio entre pessoas estranhas que partilham mutuamente estórias e pontos de vista, quais segredos velados desvendados no calor da amizade.

São estas as memórias que nos fazem brilhar os olhos quando anos depois as revivemos e noutros jantares como este as contamos, fazendo então este parte daqueles como outros parte deste fizeram.

Aos nossos anfitriões muito obrigado. Muito obrigado por assim nos receberem e por nos mostrarem que a vida vale a pena se for vivida ilumidada pela amizade.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto dos gatos, que buscam o sol quando há sol, e quando não há sol o calor, onde quer que esteja. Fernando Pessoa

Não fosse o apego a razão de todo o sofrimento humano, a sensação de perda e desilusão, daquilo que desejamos e que nos ilude a sua posse.

Não fosse amar mais do que verdadeiramente aceitar. Aceitar espontaneamente o que a vida nos dá quando a nós nos damos oportunidade para receber.

Aceitar e não conformar. Buscar o aceite e procurar a vida. Viver genuinamente cada instante qual dádiva espontânea do sol, onde quer que esteja, onde quer que se esteja, o calor de nós mesmos.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

L'essentiel est invisible pour les yeux.
Mais les yeux sont aveugles. Il faut chercher avec le coeur.
Antoine de Saint-Exupéry

sábado, 19 de janeiro de 2008

A sublimação pode ser usada para purificar sólidos. O sólido é aquecido até que sua pressão de vapor se torna grande o suficiente para ele vaporizar e condensar como sólido numa superfície fria colocada logo acima. O sólido é então contido na superfície fria enquanto as impurezas permanecem no recipiente original. in WIKIPÉDIA

Uma questão que há muito se me subsiste é precisamente a sublimação dos sentimentos humanos. Não das emoções mas de algo mais sólido e real. Os sentimentos que sentimos fruto dos laços que ao longo da vida vamos dando com aqueles que nos rodeiam.

Afinal o ser humano sempre é um animal social, que apenas e só em comunidade consegue viver e sobreviver (ermitas à parte, não fossem esses, por sinal, até pelos mortais e vulgares pares considerados sobre-humanos, acima dos humanos).

Se sublimarmos os nossos impuros sentimentos purificamos o nosso ser? Ascendemos a um nível superior de pureza por sublimação das impurezas? Será? O que será então o recipiente original onde ficam depositadas as substâncias menos puras que se desagregam do ser iluminado pela sublimação?

A sublimação como purificação. A purificação como veículo para a perfeição. A perfeição da pedra que somos e que talhada se pretende. A perfeição que tanto buscamos e que ansiosamente desejamos.

Ou será apenas a aproximação da perfeição que verdadeiramente procuramos? A aproximação do perfeito que amamos?...

Amamos a sua aproximação do perfeito, porém a amamos porque é só aproximação. Fernando Pessoa

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A maioria da gente é outra gente. Oscar Wilde

Somos o que em nós vemos, o que os outros em nós vêm e aquilo que realmente somos. Somos assim tanta coisa ou simplesmente coisa nenhuma?

É realmente assim tão complexo apenas ser-se?

Existe genuidade no nosso ser ou somos sempre cobertos pelo véu da hipocrisia? Pelo névoa do que queremos parecer e do que na realidade somos. Pela neblina do que defendemos e que constante e paradoxalmente exprimimos.

Não é mais a máscara da personalidade que o espelho do mundo que criamos e que queremos que nos envolva.

Só a ideia atinge, sem se estragar, o conhecimento da realidade. Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Tudo é encontrar alguma coisa. Mesmo perder é achar o estado de ter essa coisa perdida. Nada se perde; só se encontra qualquer coisa. Há no fundo deste poço, como na fábula, a Verdade. Sentir é buscar. Fernando Pessoa

É neste estado permanente de coisa perdida que a alma se encontra no seu errante devaneio. Neste desiquilíbrio constante que nos impele a leal acção na busca do sentir, na busca de encontrar sempre alguma coisa, essa coisa que perdida se julgava e que no fundo do poço esperava, ansiosa por ser vista, ansiosa por ser contada, ansiosa por ser verdade.

Lendariamente foi no cerne do Homem que se escondeu o seu maior tesouro, bem no cerne, onde é sempre mais difícil de chegar, mais difícil de alcançar, mais difícil de sentir.

Que esta busca sentida nunca cesse na certeza de que nada se perde...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Dói! Dói demais sentir que pudemos perder o que amamos!

Sentir que para sempre estaremos ausentes... longe de tudo e de todos! De tudo o que construímos... de tudo o que vivemos... de tudo o que sonhamos!

Será esta a sensação no limiar da morte? Será este o sentimento ausente quando presentes estamos do fim?

A vossa dor é o quebrar da concha que envolve a vossa compreensão. Kahlil Gibran

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Faça o que quiser
Viva o que vier
Seja onde estiver
Faça o que puder
Viva como der
Sinta o que vier
Seja o que quiser
Faça o que fizer
Pegue o que puder
Viva onde estiver
Seja como for, Amor
Arnaldo Antunes

Dou comigo a pensar onde reside afinal a vontade... no coração ou na razão?
Agir corajosamente na paixão ou passionalmente na razão?

Importa verdadeiramente o que me incomoda ou incomoda-me verdadeiramente o que me importa?

Não basta apenas assim viver onde estiver, o que vier, como der? Ser o que quiser, o que puder, como for? Sentir somente e somente apenas assim o viver? Embriagado no interlúdio do amor na esperança de que a vida se perca na expressão apaixonada da alma?

Não basta isto... Ser como for?

Adormeço na dúvida se um dia serei teu ou se sempre teu fui. Que a vida seja como for e que ser seja a vida... Enquanto durar... enquanto dura!

A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final. Fernando Pessoa

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Dormir, ser longínquo sem o saber, estar distante, esquecer com o próprio corpo; ter a liberdade de ser inconsciente, um refúgio de lago esquecido, estagnado entre frondes árvores, nos vastos afastamentos das florestas.

Um nada com respiração por fora, uma morte leve de que se desperta a saudade e frescura, um ceder dos tecidos da alma à massagem do esquecimento. Fernando Pessoa

É no sonho que te vejo, é no sonho que te sinto, é no sonho que contigo caminho, sem mareo, sem a dor de te ter tão distante, tão longe, tão livre.

Vejo-te não com os olhos mas com a alma azulada de madrepérola fria. Fria de desejo ardente consumidor do teu presente.

Chora-me na alma este desejo. Fernando Pessoa

Brilham-me os olhos quando te vejo...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Amo-a como ao poente ou ao luar, com o desejo de que o momento fique, mas sem que seja meu nele mais que a sensação de tê-lo. Fernando Pessoa

Se quanto mais se possui, mais se é possuido, então assim me quero. Possuido por esse amor que coroando-me me sacrifica, que me sangra com vontade e alegramente.

Esse amor que se basta em si mesmo e me torna um fragmento inegável do coração na vida.

E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá o seu curso. Kahlil Gibran

Tenha eu a força de estoicamente vencer a ausência que apenas no amor encontra o seu escudo.

Possa eu regressar a casa desperto para depois adormecer, assim, no interlúdio mimado do amor.

Mais do que para ti... em ti...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Pois é nas pequenas coisas que o coração encontra a frescura da sua manhã. Kahlil Gibran

Pequenas coisas sinceramente sentidas, na cumplicidade do olhar, na simplicidade do toque, na subtileza do sabor.
Frescas manhãs verdadeiramente sentidas na insaciável entrega dos sentidos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Temos o que abdicamos, porque o conservamos sonhado, intacto, eternamente à luz do sol que não há, ou da lua que não pode haver. Fernando Pessoa

Depois do sol, durante a lua, no perfume do chá e no uníssono canto do ser, tudo abdicamos, porque assim o queremos sonhado, eternamente...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Não o amor, mas os arredores é que vale a pena... Fernando Pessoa

Por mais improvável que possa parecer, sempre que aleatoriamente abro o Livro do Desassossego, o que leio revela-se de uma grandeza notável, de uma quase trivial identificação pessoal que apenas na reflexão instintiva encontra refúgio.

Pessoa não existiu... Não pode ter existido!

Autobiografia sem factos

Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.

- Trecho 12

Fernando Pessoa