Já demorei mais tempo em aeroportos europeus.
Passo pelo detector de metais, rolo pelas escadas, dou três passos e entro na gare de Casablanca. Que fluidez!
Partilho a carruagem com alguns turistas que entre cartas e conversa preenchem o tempo. De Casablanca a Marraqueche são quatro horas de comboio incluindo a mudança em Casa Voyageurs.
Recordo os comboios urbanos de Lisboa e os Regionais do Douro. A semelhança é estranha. Viajo com a minha asa o que me torna limitado no espaço. Ocupo dois lugares na carruagem. Um casal aproxima-se e com o olhar pergunta-me se pode ocupar um dos meus lugares. Cedo gentilmente e inicio uma longa viagem de ladex. Com a asa a ocupar metade do corredor passo grande parte do tempo a movimentá-la para que se possa circular no comboio.
Espanta-me o verde marroquino. Afinal aqui também chove. E se choveu este Inverno.
Avisto o Atlas nevado no horizonte. Tudo muda para vermelho. Estou a chegar a Marraqueche. A primeira e a última estrutura que se avista nestas cidades são os minaretes. Parece que o meu tem que ser sempre maior do que o teu!
Esta estação é extraordinária! Tudo imaculado. A monarquia sente-se. Taxi?! La shukran! Oh! Egypt! Julgo que me confundiram com algum turista egípcio. Mas felizmente foi o suficiente para afastar os quezilentos taxistas. Quero apenas deambular pela cidade enquanto espero pela minha boleia.
Percorro a Avenida Mohamed VI. Procuro um ciber-cafe onde possa informar os meus de que estou bem.
Com cautela livro-me das inúmeras MBK que como insectos voam por todo o lado. Perco-me na vida destes passeios. Têm de tudo. De simples mercearias a mecânicos itinerantes qual engraxadores de sapatos alfacinhas.
Chegámos a Aguergour. Estamos no acampamento base desta expedição. A cozinha de Chez Latifa é deliciosa. Tagine kefta para o jantar partilhada por um português, um inglês radicado, uma marroquina, um gaulês e um francês. O serão promete. O chá chegou e está deveras quente para mim.
Começou! Estou em Marrocos!
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