Para a Régua por favor. Linha 13!
Escolho a carruagem e espero pelo apito.
Ora ai está! O carrinho do chá ou café. Igual em qualquer parte do mundo. Caro como sempre!
Apercebo-me que está a nomear os principais ingredientes de cada uma das sandes. No fim a senhora opta pela pequena garrafa de água apenas. Fica no ar a impressão de que a decisão foi motivada pelo abusado preço do género. A senhora tem fome? Observo incrédulo. Uma jovem mulher oferece a esta idosa senhora o bolo que traz na mala. Por solidariedade, por pura compaixão. A ansiã recusa alegando que em breve chegará a casa.
Já valeu a pena embarcar neste vagão. Esperava vislumbrar, a para mim, desconhecida paisagem do Douro entre o Porto e a Régua, e acabo de assistir a uma das maiores lições da vida, a solidariedade fraterna.
Sigo até Godim. Este comboio está à espera do que vem da Régua e segue para o Porto. Está na hora! Vou saltar agora! Corro para a plataforma. Espero que o comboio descendente passe, e pendurado na porta entro carruagem a dentro.
Regresso agora ao Porto. Pela janela vejo o Douro banhado de ouro vespertino. Regresso mais conhecedor. Regresso mais humilde. Regresso mais eu.
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